segunda-feira, 20 de dezembro de 2010 - Postado por Kamila Silva às 16:02
Se eu disser que tentei, vai soar menos derrotado? Um pote de sorvete e calças de pijama me alegam que não. Talvez estejam certos, após dois namoros frustados - confesso que minha culpa - vou ter minha primeira fossa por causa de livros, informações e cobranças de uma sociedade que aplaudem quem consegue chegar lá. Eu não cheguei! Mas a fossa é digna de um grande amor perdido.
Sonhei com a tal Universidade desde que escutei a palavra futuro pós-inferno do colegial (não tão infernal assim), acreditei realmente que podiam estar errados e que uma pobre garota, ou garota pobre, no caso, que estudou a vida inteira em escola pública, mesmo que com boas notas, conseguisse, se desejasse e se esforçasse o bastante, estar lá. Juro que tentei, juro que não tive vida nestes últimos dois anos além de cursinho-barra-trabalho e nem mesmo olhei para um garoto com tanta atenção quanto eu dedicava para as aulas de física, qual acreditei nunca ser capaz de entender, mas mesmo assim, estava lá. Juro que tento não pensar que certamente há muitos que conseguiram, que muitos merecem mais do que eu ou que talvez eu devesse realmente não ter dormido, lido livros além dos cobrados nas ditas instituições, assistido filmes ou respirado, mas, só por um instante, me pergunto: já perdi dois anos, perderia mais?
Enquanto imagino minhas apostilas queimando, não me sobra espaço para isto.
Assim, amanhã volto para uma alimentação saudável, até mesmo crio esperanças com qualquer sonho amalucado como esrever ou  me preparo para curtir um natal em familia (-problemática e amável), entretanto, por hoje me basta o sorvete, os pijamas e as apostilas queimadas.