quarta-feira, 28 de março de 2012 - Postado por Kamila Silva às 21:32
“Já se pode beber nos Estados Unidos com 21 anos, precisa significar alguma coisa” - Luka 


- É, o Luka da Ana existiu e hoje, sabendo que fui eu que escutei isso dele quando fez 21 anos pergunto: Significa o que? Ana é alheia e parte de mim, já fez vinte e um anos e hoje parece estar enraizada nos meus mais profundos pensamentos de uma madrugada estranha. Não desenho o projeto que tenho que entregar amanhã, metade dos meus cumprimentos de aniversário foram meras formalidades de rede social e o saudosismo impera em estágio crônico. Se a Ana mudaria o mundo com seus coturnos pretos, onde foi que perdi essa parte? Quando as palavras me voltam - algo que não ocorre com frequência agora devido a opressão da Universidade - eu volto a acreditar, mas passa tão rápido. Nessa quarta feira chuvosa Kamila Silva fez 21 anos, e Ana e eu, perguntamos: Significa o que? Tenho 365 dias para descobrir, mas tenho medo de não fazer diferença nenhuma. Só há sapatilhas agora no armário. 

Postado por Kamila Silva às 21:15


Ana ainda não dormia, encarava o teto como se implorasse para que além de concreto e teias de aranha - as quais teria que limpar uma hora ou outra -  também surgisse uma resposta. A razão, sempre tão bela companheira, recriminava como ela podia ter a capacidade de perder o sono, a fome e o controle dos batimentos cardíacos apenas por coisas tolas como um sorriso. Essa não era Ana, rebatia a massa cinzenta, a Ana era a revolucionária de coturnos pretos que mudaria o mundo e não acreditava em romances melosos... Romeu e Julieta era uma sátira aos amores adolescentes, complementava. Tolices, Ô coisa complicada essa que é o coração, rebatia o próprio, adora inventar fantasias que sabe que não existem só para bater mais forte em um único milésimo de segundo.  Devolvia a inspiração perdida na rotina mais programada que os carnês jogados em cima da mesa, mas fazia Ana se entender tão pequena perto da loucura de se viver, de se sentir... de se amar. Amar não era pra Ana, um amor complicado então só tornaria seu desacostumado coração em fragmento, assim como o de sua mãe um dia também o fora. Pensar assim na mulher que lhe dera a vida e partira por amar demais apenas comprimia ainda mais seu coração. Aquele que batia demais segundos atrás, agora compadecia de um medo assustador. - E se eu amar, o que será de mim? - Sua solidão era menos assustadora do que a entrega total do amor e os efeitos que ela podia trazer. Amar não era bom, foi o que tinha aprendido mesmo antes de saber o que era amor. Em verdade, preferia naquele instante nunca saber. Porém as teias de aranha do teto se tornavam graciosas quando ele estava por perto. O que podia fazer? Retiraria elas com um vassoura assim que o sol raiasse, mas até final daquela noite, deixava sentir a sensação desconhecida do coração vibrar em mais um milésimo de segundo. 



sábado, 17 de março de 2012 - Postado por Kamila Silva às 16:54
‎"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'. Pois esse impulso ás vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez." Caio Fernando Abreu