Amor, eu.

domingo, 26 de agosto de 2012 - Postado por Kamila Silva às 20:59

É a primeira vez que pego para escrever depois de tudo. Sabe, depois de caixas de papelão e o glamour de vinte anos morando no mesmo lugar. Meu coração dispara e a respiração fica difícil, sei que é por isso. Estou em crise, não é nenhuma novidade e talvez sua única diferença seja o motivo. Não, o elo principal ainda são as crises existenciais, mas o grande desafino ecoante nos meus dedos se chama de amor... Estranho não? Eu. Sim, justo eu e o amor. Não cabemos na mesma frase e talvez seja exatamente por isso o motivo de tantos pensamentos. Como um objeto quebrado, talvez uma jarra de vidro, não posso receber isso. Esse sentimento liquefeito a que todo mundo corre atrás desesperadamente. Digo, sem metáforas muito profundas, que não sei como agir. Não faz parte do meu manual de fabricação. Na verdade, acho que esqueceram desse capitulo. Como se estivesse o tempo todo vagando entre  um e outro a espera de um numero que nunca virá. Mas então me pego de surpresa com sorrisos bobos e tolices piegas de quem cede a razão e manda mais um ‘olá’... Ele não quer mais meus olás. Talvez meus seios, minha língua e minha atenção. Mas nada mais, ninguém mais. Vago na incerteza de respostas de todos os lados, como se não saber da minha vida – convenhamos que não é surpresa – se agravasse a não saber o que ele pensa, o que ele quer. Sei que não sou eu, então por que insisto na resposta? E por que não poderia ser eu? Como um velho jargão de um filme repetido escuto a mocinha de covinhas encantadoras soar “Sei que não é o cara certo para mim. Mas por que mesmo?” Mas terá alguém? E terá mais alguma resposta? Já não bastasse todos os equívocos, todos os erros e pecados, por que precisaria desse a mais? Escutei músicas na madrugada de ontem que eu mesmo encontrei, foi meu momento feliz. Era eu nelas, era meu gosto, minhas escolhas... Mas ali, naquele segundo que achei que tinha encontrado um tantinho de resposta, de afago, admiti na frente de um reflexo sem sabor que tu estavas nelas também. Minha única resposta de quem sou e te encontro? Amor, era isso que nomeavam os tolos? Se achar em alguém, descobrir se gostar quando gostas daquele sorriso. Daquele sabor, daquele não pensar. Pois bem, e o que fazer quando esse bem querer é unilateral? O que fazer quando o maior interesse for apenas uma tentativa de esquecer o mundo e os problemas? Essa camisa maior do que eu que carrego no corpo, certamente não me responde muitas coisas, nem mesmo o cheiro agridoce nos lençóis ou as lagrimas que desceram de meu rosto no banho morno. Como romances melodramáticos dos anos vinte deixo frases soltas de amargo pesar, de um romance sem final feliz e de um único amor que me deu respostas, as que tanto pedi, mas que talvez fosse melhor nem achar.