segunda-feira, 23 de dezembro de 2013 - Postado por Kamila Silva às 05:36
Nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa.

Fernando Pessoa

terça-feira, 15 de outubro de 2013 - Postado por Kamila Silva às 07:45
Sempre achei que devia escrever, era, no final das contas, a única coisa que me fazia singular. No entanto, aos poucos, foi definhando o ato enquanto a massa crescia, encrustando em gramaticas e termos complicados,  em que emaranhava-se em gotículas de inveja e mentiras, sufocando em duros compassos de auto-critica e assim, no final, conteve-se em orações desconexas, termos técnicos e uma vazio cheio demais.
Já fazem meses, mas sei que o monstro violeta ameaça novamente, e ele vem acompanhado de tudo que fugi e fujo constantemente... 
Na verdade, dois pretextos abriram a porta: exigência do mundo moderno e exigências do coração - 'facilmente observada sem bem analisada e rimada em uma jogada 'chichê'' -, mas, olhe bem, surpreendentemente são as mesmas artimanhas que me trazem, esse ser escrevente, de volta.
 Agora, na mesa do bar - e como senti falta desse balcão sujo e do Seu Augusto lá atrás reclamando de eu gastar os guardanapos - penso que há momento crucialmente importantes que trazem a tona o que só de alma tem na arte e não está na monotonia ou calmaria, mas nas transições, nas rupturas, nas tragédias, nos inícios, nas surpresas, nas catástrofes e nas paixões... Ah, nas paixões! E também nos dramas, até aqueles vividos normalmente em uma pessoa só, mas discutidos com Deus. 
Oras, que seja, só me responda a indagação: escrever e deixar o purpura voltar, descompassada, ensandecida, desritmada; ou não, viver facilmente e em paz, sem grandes desilusões e amores, mas viver, ali em ar saudável e pleno? Novamente a cabeça e o coração, quase Montecchio e Capuleto, se contradizem. Sigo em meio a fases, encho o pulmão com esse ar pesado desse ano cabalistico e deixo que o tempo, um sinal, um ponto final ou uma virgula me esclareçam... Até lá, olá e adeus Romeu.

Democracia além do facebook

sexta-feira, 21 de junho de 2013 - Postado por Kamila Silva às 23:26
Sonhei com o povo na rua desde a minha primeira aula de história do Brasil no fundamental e juro que é lindo ver isso acontecer. Assim, espero, de coração, que esse "acordar democrático" em um país nada democrático continue e perpetue. Porém, é inevitável perceber, já com meus vinte e poucos anos (e menos cabelo roxo e coturno), a quantidade de manipulação de todos os lados - mesmo dos 'sem lado', repetições de slogans prontos, um exibição de "bonzinhos" x "malvados" entre o que deveria ser uma unidade e a movimentação de uma massa que empina o nariz e roga pelo fim da corrupção, mas no dia a dia comete pequena infrações bancando os espertos e exibindo assim uma hipocrisia descomunal... Não sei, talvez em inocência esperasse demais, talvez e espero que assim de fato aconteça, seja só um primeiro grande passo, um grito sufocado de quem ficou muito tempo de cabeça baixa e mudo, e de repente aprende a falar, balbuciando o que no futuro será um discurso integro. Espero que aprendemos a de fato fazer democracia, demonstrando o poder de povo, e que esse, seja mais consciente de seu papel, onde a "revolução" se desenvolva muito mais além do que uma foto para rede social, acontecendo nas mentes e corações dos brasileiros. Que não aceitem mais verdades prontas (afinal, o de que fato é a palavra "verdade"?, como diria meu professor de Filosofia) e consigam analisar o que é passado, dando o seu julgamento disso e não o que é "bonitinho" dizer. Sigo para rua, escuto a voz do povo berrar alto e ainda me estremeço de ver o poder embutido nesse grito guardado na garganta por tantas décadas, é lindo... E será ainda mais lindo quando na urna se comprovar uma politização concreta, quando em uma sala de aula crianças e adolescente não acharem história, filosofia e sociologia desnecessária como tantas vezes escutei em sala da rede pública e até na universidade, quando de fato essa máscara que cobre tantos rostos nas ruas - que muitos nem sabem seu significado - possa ser retirada e o povo mostre seu rosto, sua compreensão politica de cidadão, com seus direitos respeitados - imagina que novidade!-, deveres e a possibilidade de acreditar em um presente melhor, uma real chance de futuro.

Postado por Kamila Silva às 05:25
"Os jornais não vão dizer que foram horas de manifestação pacífica, desde a Paulista até o terminal parque Dom Pedro.

Os jornais não vão dizer que a passeata seguiu o caminho praticamente delimitado pela força policial até ser encurralado em frente ao terminal.

Os jornais não vão dizer que após encurralar uma massa de 20 mil pessoas na frente do terminal, a incompetente força policial do estado de São Paulo atirou bombas de gás lacrimogênio no meio da multidão, gerando correria e colocando a vida de muitas pessoas em sério risco.

Os jornais não vão mostrar que o povo voltou cantando, unido, com apoio popular das janelas dos prédios, aplausos e tudo mais até a praça da Sé.

Eles não vão dizer que ao tentar se reunir novamente na praça da Sé, o povo foi atacado covardemente pela tropa de choque em frente à Catedral sem motivo algum aparente.

Nos jornais não vai aparecer que a partir daí a tropa de Choque realizou uma caça indiscriminada a qualquer transeunte, indo muito além do simples dispersar e controlar.

Nos jornais só vai aparecer que essa caça resultou na prisão de um repórter e de um fotógrafo da grande mídia.

Eles não vão contabilizar os manifestantes feridos, espancados pela polícia, machucados por estilhaços de bomba.

Os jornais só vão mostrar os policiais feridos, como se eles tivessem sido simplesmente atacados.

Esses jornais só vão falar de vandalismo, como se isso resumisse o ato, esquecendo toda a marcha.

Os jornais não vão mostrar que o povo fugiu novamente, agora da Sé, rumo à av. Paulista, já furiosos para serem atacados em frente ao MASP de forma covarde e com armadilhas preparadas nas ruas em volta, de forma que o povo não tivesse para onde fugir sem ser atingido pelos ataques da polícia.

Os jornais não vão dizer que todo o vandalismo se concentrou em bancos e propriedades que representam o Estado.

Eles só vão mostrar uma visão simplista, classificando os atos como puro vandalismo sem propósito, escondendo a real motivação de tanta revolta.

Eles nunca vão falar que se trata de uma juventude cansada da opressão do Estado e da ditadura do sistema financeiro.

Os jornais não vão dizer que a juventude não tem perspectiva de um futuro além de se amassar em caixotes com rodas todas as manhãs indo para um trabalho que não gostam, pagar caro por isso, em troca de um salário que mal paga habitação e alimentação.

Eles nunca vão dizer que a especulação imobiliária afastou o povo trabalhador do grande centro, obrigando a necessidade de horas de deslocamento até os locais de trabalho.

A mídia corporativa já não quer informar, quer manter a ordem do sistema vigente, o tão dito 'status quo'.

Violenta é a mídia que é incapaz de ver o ser humano quando isto não vai ao encontro de seus interesses corporativos.

Violenta é a mídia.
Violento é esse sistema doente." - 

Ubirajara Santos

domingo, 5 de maio de 2013 - Postado por Kamila Silva às 21:08
Uma luz desligada do lado de dentro, apenas uma vela acesa e uma taça de vinho. Uma única taça de vinho. Rascunhos jogados longe e a música ecoando como convidada bem vinda. Dançam lá fora, é noite de festa. Tem que terminar o desenho, a poesia, a nota dó. Um corpo dorme cansado no sofá estampado, as rugas impertinentes da idade surgem nas mãos que seguram a caneta. Uma cronica é escrita pela madrugada em um quarto tão escuro quanto esse. Uma crônica rápida,  apenas uma fotografia, apenas mais talento. Ele passou, o dinheiro veio, a taça esta vazia. Ela nunca devia ficar assim.


Postado por Kamila Silva às 20:49
E se eu te esqueço, como fico? A sensação passa, os dias parecem melhores, tudo se acalma, tudo está bem. Mas ai, no exato segundo em que te vejo; melhor, no exatos minutos antes de te encontrar, só de saber que esta vindo, meu coração vibra com a mesma frequência do início, sentido e compreensão de vida. Fico nervosa, as mãos tremem, travo o rosto, mas o sorriso brota e a língua se solta em um "olá". Vou te esquecer, vou me obrigar a ficar no estado dormente de quem não dança no salão até que alguém me faça sentir novamente. E esse alguém, conseguira transmitir na mesma estação em que estou? Do mesmo modo que sem querer você apertou no radio e simplesmente conseguiu escutar perfeitamente? O jazz ecoa da minha alma só de te imaginar, meu corpo vibra nos seus dedos como o saxofone que ecoa na melodia imprópria aos ouvidos de damas comportadas. Da dama que esta na sua cama hoje e que te suplica juras de amor que nunca dará a mim. Só tenho um jazz de radio pirata, ela tem Frank Sinatra. Você diz que não dançaria aquela valsa, mas sei que irá. Aretha Franklin berra no meu ouvido, tento despertar, tenho que parar  com isso, mas como faço? Janes Joplin se constrange com poder alucinógeno que seu sorriso causa em mim, mas nada, nada, tira esse ruído de milhares de decibels mudos dentro do meu sistema cardiaco quando se aproxima, afinal, é sangue, desejo, amor e calmaria, tudo junto e ritmante ao som de uma música. Sim, uma música impropria aos ouvidos de moças comportadas. Eu devia ser uma delas, mas e se te esqueço?

Postado por Kamila Silva às 06:43
“Não sou um bom escritor, porque eu não escrevo para todos, escrevo pra quem entende que a qualidade de um texto não está nas palavras difíceis, mas sim, no sentimento sincero ali contido. Não agrado a todos, mas eu me agrado, e vai ver que o importante é isso, porque no fim, não existe realização maior do que estar feliz consigo mesmo. É isso que faz valer a pena.”

— Sean Wilhelm

22 anos

terça-feira, 26 de março de 2013 - Postado por Kamila Silva às 08:15
Uma pessoa importante me perguntou como era fazer 21 anos no ano passado, disse  tolamente que não tinha nada de diferente e achei que também não haveria de ter aos 22, “é só uma data afinal”, mas acho que ao cantar parabéns essa semana levo alguns fatores bem destoantes. Não, ainda não é hora de falar que estou menos neurótica, perfeccionista e que deixei de querer resolver o mundo por mim mesma, sinto informar, mas isso provavelmente não vai mudar. Mas aprendi tantas coisas, fiz coisas que disse que nunca faria, estudei o certo e o errado de perto,  ponderei importâncias e desisti de pessoas que acrescentaram um dia, mas que seguiram para outro lado diferente do meu, e me desculpei por desistir delas. Me desculpei de desistir de muitas coisas, pois abrir mão para mim sempre foi um erro, tinha que ser forte até o fim, além de qualquer conseqüência que me afetasse e nisso, sempre que me via obrigada a desistir de algo, achava um erro absurdo. Algo que em seu defeito também tem sua positividade, pois foi o que me impediu de desistir da faculdade no ano passado, em balancear o amor e ódio sentido pela Arquitetura, de entender as responsabilidades que a vida adulta trouxe não só como um lado ruim e até perdoar o Peter Pan por ter me deixado crescer. Não li tantos livros quantos nos anos anteriores, mas vivi muito mais e criei minhas próprias histórias, porém não no papel  - e juro que deixar meus livros e contos nunca terminados para trás foi bem difícil – mas na vida real. Realidade sempre foi complicado de ser digerida por mim, afinal ela tirou tanta gente que eu amava de forma tão bruta e me mostrou desde cedo que não existe tantos finais felizes como eu imaginava quando bem criança. Acho que pela primeira vez, consegui mesclar a garota superprotegida  que vivia em seu conto de fadas particular e a undergroud feminista de coturnos pretos da adolescência e criar essa nova mulher (ual, uma palavra com tantos significados!) que tenta ver todas as possibilidades e lados, que se força ao extremo para ser melhor todos os dias, porém perdoa muitos de seus defeitos e os defeitos do mundo, porém não deixando a luta de ver esse mundinho um lugar melhor, pelo menos o mundinho das pessoas que me cercam. Tenho a agradecer muitas pessoas por isso e dizer que realmente ainda há muito o que melhorar e se fazer, realmente perdoe-me por todas as asneiras e modo de ser e vou ser sincera, pretendo errar muito ainda, pois se tem um ponto a ser considerado como maior destaque durante esse bem dito 21 anos foi que com meus belos erros consentiu-me em bons acertos.