quarta-feira, 29 de dezembro de 2010 - Postado por Kamila Silva às 08:43
(E aqui era para estar as fotos dos meus cupcakes que fiz de Natal. Uma pena não nascer com talentos culinários, não? Ok, saborosos eles ficaram, só não direi nada sobre o aspecto físico. )

Sobre o Natal: Normalmente, me pego lembrando do que significava o Natal para mim, quando pequena, e percebo que era tanto que eu nem consigo expressar, apenas que havia um ano inteiro, de enormes 365 dias, me separando de uma das datas mais mágicas que eu poderia recordar. Havia toda a família junta, um barulho estridente de risadas, conversas fiadas e brincadeiras, uma ceia após meia noite com tanta comida que eu nem conseguia contabilizar quantos gigantes poderiam ceiar ali, além adultos desconhecidos, amigos de terceiros e pré-conhecidos que eram como figurantes em meu grande acontecimento. Tinha também o papai Noel que mesmo em seus humildes e singelos presentes me encantava com uma imensidão desproporcional, e, obviamente, havia as luzes, meus pequenos pedacinhos de estrelas que ficavam a mostra durante todo mês de dezembro, época que era fácil de se marcar, férias da escolinha e desenhos animados por toda manhã. Assim, o Natal era parte daquele meu mundinho perfeito, tão celeste quanto a imaginação de qualquer criança.
Os tempos passaram, meu pai usou all star quando foi sua vez de se fantasiar de papai noel e todos meus pequeninos sonhos começaram a se modificar a caminho da realidade. Fui uma criança que acreditou em papai noel e uma adolescente que acreditou em pouquíssimas coisas além do que se podia provar.
Eis que os últimos Natais foram então cenários de alguns dramas e muitas saudades, pessoas queridas que partiram deste mundo (por fatalidade da vida ou crueldade humana), infantilidade de uma família típica de filme americano (ou diria, ainda mais, italiano) e uma porção de mudanças e complicações que ficaram presentes até os últimos minutos da véspera, algo assim, tão real ( palavra usada com freqüência por mim para qualificar algo pouquíssimo positivo) que se contradizia no que eu acreditava piamente ser o Natal.
Não houve tragédias este ano na minha vida (o que significa minha família e amigos), o que tomei como meu presente de Natal do Noel, algo que eu pedi a cada noite nos 365 dias que agora passam rápidos demais, além do que, nas risadas que foram dadas até os fogos serem soltos eu pude presenciar aquele sentimento terno mais uma vez.
É fato que meus primos já não são mais crianças, os assuntos agora variam de Física a cenário mundial, a quantidade de pessoas diminui drasticamente e mesmo o amigo secreto não foi feito, mas há um Q leve no ar que me tranqüiliza, que me dá esperanças até.
Talvez agora eu possa ver que toda a comida fica bem caro e que leva um trabalho imenso para ser feito, que os presentes evoluíram de preço e que muitos perderam o sentido, ou até que muitos nem lembram do que aconteceu para se comemorar o dia 25, isto é, muito mais do que religião, ou dogma, e sim a fé de que um um ser maior nos ama acima de tudo, acima de sua própria vida e apenas quer ensinar isto: "Ame uns aos outros, seus idiotas. Sem guerra e vendas em meu nome também cairia bem.". Entretanto, também posso ver além de minhas alucinações os pequenos detalhes da magia do concreto, um abraço sincero, uma lembrança comprada com aqueles ultimo centavos e um desejo de boas festas que realmente quer dizer: Quero que seja feliz, de coração.
Assim, talvez eu não tenha mais frutas enfeitadas, papai noel de barba branca ou desconhecidos perambulando pelo salão, mas tenho o que significou e significa esta data, os benefícios e os pisca-pisca. Minhas luzes, realmente não conseguiria ficar sem elas.


 
Obs: No papel de hena do papai Noel na Sexta feira a noite, de gorro e segurando as bicicletas que iamos doar (mas que as duas crianças das cartinhas não estavam em casa) e na volta entregando balas as crianças de toda cidade, vi rostos dos mais expressivos, felizes e crentes que pude perceber algo inesquecível, não há nada como o sonho natalino.