Julian Assange, o fundador, em 2006, do Wikileaks, está entre os 100 nomeados para "Pessoa do Ano" da revista "Time". O australiano que está a provocar o talvez maior embaraço de que há memória na história da diplomacia americana, é denominado pela famosa revista como “o informador da era digital”.
Comparativamente às passadas fugas de informação que ocorreram em Julho e Outubro de este ano e que divulgaram documentos secretos sobre as guerras no Afeganistão e no Iraque, quase que é possível afirmar que as presentes revelações mais não mostram do que os bastidores da diplomacia internacional com uma lente mais potente. Quase. Pois também existe a possibilidade de virem a ter consequências mais graves.
Contudo, um dos aspectos que mais se discute nos últimos dias é o facto de, tal como os advogados, os médicos, os psiquiatras, os auditores e outros profissionais, jornalistas incluídos, estarem protegidos no que respeita a informação confidencial, se este caso também não se aplica aos demais profissionais que, por acaso, exercem cargos governamentais. E cujo trabalho ao longo de vários anos foi desmascarado. Sim, numa democracia, os cidadãos têm o direito de saber que os políticos que elegeram torturaram prisioneiros, que o Irão faz jogo duplo na guerra do Afeganistão ou outros podres outrora escondidos em guerras de poder. Mas, por outro lado, será que nenhum segredo governamental deverá manter-se secreto?
Tendo em consideração o mandato de captura que a Interpol emitiu para Assange, ao qual se junta mais um emitido pela Suécia, país onde o fundador da Wikileaks é acusado de assédio sexual e violação, esperam-se tempos conturbados para o activista australiano. E, muito provavelmente, mais conturbados ainda para o direito ao secretismo profissional. Afinal, uma nova revolução está em curso e será, sem sombra de dúvida, digitalizada.
Outros há que o apelidam de "bastião da liberdade de informação" ou o cavaleiro da Internet, que luta contra as forças negras da censura, da corrupção e do secretismo militar.
Mas também há quem questione a sua ética, nomeadamente jornalística, na medida em que a própria organização online que dirige não possui a transparência que tanto evoca para o seu trabalho. Nos últimos dias, foram muitos os jornalistas que se insurgiram contra a terceira vaga de informação “fugida” que o Wikileaks publicou, invocando a falta de cultura ética que não é consonante com os ideais da liberdade de expressão.Mas a verdade é que alguns dos maiores jornais do mundo – o "The New York Times", o “Guardian”, o “El Pais”, o “Der Spiegel” e o “Le Monde” – não se escusaram a aproveitar o material oferecido, editando-o e, de acordo com as regras jornalísticas, manifestando o cuidado necessário para comprovar a veracidade da informação e omitindo nomes que poderiam colocar em causa a segurança nacional. Dizem outras fontes que, por exemplo, o “Wall Street Journal” e a CNN se recusaram a fazer qualquer tipo de acordo com o Wikileaks.
Ao longo dos dias, as reacções têm-se multiplicado. Se Hillary Clinton já fez saber que a divulgação não autorizada das centenas de milhar de documentos diplomáticos constitui um ataque aos Estados Unidos, em muitos websites e blogues da Internet defende-se que as últimas revelações não são mais do que meras fofocas e que, no geral, os documentos não contêm mais do que alguns embaraços menores, algumas surpresas, uma enorme quantidade de confirmações já presumidas e nenhum escândalo.
Como se pode ler no website da revista "ForeignPolicy", só quem anda muito distraído é que não sabia das festas de Berlusconi, dos comportamentos inapropriados da família real britânica, da enfermeira loura e voluptuosa que acompanha o general Khadafi, que Robert Mugabe é um megalómano ou ainda que Putin é o Batman e o presidente russo é o Robin. Comparativamente às passadas fugas de informação que ocorreram em Julho e Outubro de este ano e que divulgaram documentos secretos sobre as guerras no Afeganistão e no Iraque, quase que é possível afirmar que as presentes revelações mais não mostram do que os bastidores da diplomacia internacional com uma lente mais potente. Quase. Pois também existe a possibilidade de virem a ter consequências mais graves.
Contudo, um dos aspectos que mais se discute nos últimos dias é o facto de, tal como os advogados, os médicos, os psiquiatras, os auditores e outros profissionais, jornalistas incluídos, estarem protegidos no que respeita a informação confidencial, se este caso também não se aplica aos demais profissionais que, por acaso, exercem cargos governamentais. E cujo trabalho ao longo de vários anos foi desmascarado. Sim, numa democracia, os cidadãos têm o direito de saber que os políticos que elegeram torturaram prisioneiros, que o Irão faz jogo duplo na guerra do Afeganistão ou outros podres outrora escondidos em guerras de poder. Mas, por outro lado, será que nenhum segredo governamental deverá manter-se secreto?
Tendo em consideração o mandato de captura que a Interpol emitiu para Assange, ao qual se junta mais um emitido pela Suécia, país onde o fundador da Wikileaks é acusado de assédio sexual e violação, esperam-se tempos conturbados para o activista australiano. E, muito provavelmente, mais conturbados ainda para o direito ao secretismo profissional. Afinal, uma nova revolução está em curso e será, sem sombra de dúvida, digitalizada.
(por Helena Oliveira - Portal VER )