segunda-feira, 5 de novembro de 2012 - Postado por Kamila Silva às 17:27
A gaiola me sufoca, encurta minha voz e aos poucos cala meu canto. Não lembro mais como se voa, afinal, nem mesmo posso abrir demais minha asas aqui dentro. Engulo a água que me dão e enxergo as penas trocarem no meu corpo, como se o tempo estivesse de partida, mas eu não. O alaranjado do por do sol ilustra na paisagem longínqua qual perco aqui dentro, ou talvez, o que acredito estar perdendo. Sei que protegem-me de mim mesmo, melhor, de minha natureza selvagem que se extinta pela esquinas, mas toda vez que me alertam, me concedem a vontade de fuga. Qual a diferença meu pobre amigo, de extinguir-me enquanto voou, do que respirar enquanto presa? Ve minhas penas bem tratadas, meu bico limpo e unhas polidas, mas e dentro do peito? E o que deveria fazer, ao que naturalmente fui designado? Decoro apenas sua vidinha, enquanto poderia decorar os traços de todo o mundo.