terça-feira, 15 de outubro de 2013 - Postado por Kamila Silva às 07:45
Sempre achei que devia escrever, era, no final das contas, a única coisa que me fazia singular. No entanto, aos poucos, foi definhando o ato enquanto a massa crescia, encrustando em gramaticas e termos complicados,  em que emaranhava-se em gotículas de inveja e mentiras, sufocando em duros compassos de auto-critica e assim, no final, conteve-se em orações desconexas, termos técnicos e uma vazio cheio demais.
Já fazem meses, mas sei que o monstro violeta ameaça novamente, e ele vem acompanhado de tudo que fugi e fujo constantemente... 
Na verdade, dois pretextos abriram a porta: exigência do mundo moderno e exigências do coração - 'facilmente observada sem bem analisada e rimada em uma jogada 'chichê'' -, mas, olhe bem, surpreendentemente são as mesmas artimanhas que me trazem, esse ser escrevente, de volta.
 Agora, na mesa do bar - e como senti falta desse balcão sujo e do Seu Augusto lá atrás reclamando de eu gastar os guardanapos - penso que há momento crucialmente importantes que trazem a tona o que só de alma tem na arte e não está na monotonia ou calmaria, mas nas transições, nas rupturas, nas tragédias, nos inícios, nas surpresas, nas catástrofes e nas paixões... Ah, nas paixões! E também nos dramas, até aqueles vividos normalmente em uma pessoa só, mas discutidos com Deus. 
Oras, que seja, só me responda a indagação: escrever e deixar o purpura voltar, descompassada, ensandecida, desritmada; ou não, viver facilmente e em paz, sem grandes desilusões e amores, mas viver, ali em ar saudável e pleno? Novamente a cabeça e o coração, quase Montecchio e Capuleto, se contradizem. Sigo em meio a fases, encho o pulmão com esse ar pesado desse ano cabalistico e deixo que o tempo, um sinal, um ponto final ou uma virgula me esclareçam... Até lá, olá e adeus Romeu.