O que você deveria saber

domingo, 21 de outubro de 2012 - Postado por Kamila Silva às 01:10
Eu gosto de omeletes, daqueles com queijo e pimenta feitos quando chego tarde demais em casa. Gosto do cheiro de chuva também, e ainda mais de descobrir pequenos detalhes sobre mim mesma a cada dia. Amo respostas, amo entender de onde vem e para onde vai. Controle, deve ser isso... Adoro ter o controle da situação, de cada virgula, cada segundo. Porém, sorriu sempre que me tira ele.
Sou apaixonada por cores e acredito que tudo fica mais bonito com o alaranjado do por do sol, ou talvez em fotografias, quem sabe os dois juntos?! Encontro poesias em letras de musica e elas são mais importantes para mim do que qualquer melodia. Como diria minha grande inspiração: ou toca ou não toca.
Analiso pessoas, analiso situações e me analiso. Respostas nem sempre positivas, o que me leva a analisar mais um pouco, ai então solto comentários, algumas vezes óbvios,  algumas tantas de pura ironia que ninguém consegue entender. Nem mesmo você.
Amo frases de efeitos, momento em que a inteligência supera a linguá e ganha a sagacidade de uma admiração. Amo palavras difíceis também. E ainda mais quando alguém elogia algum texto meu. É, mais perto do eu ideal planejado milimetricamente: a escritora independente e artista. Bobagem...
Sorriu toda vez que alguma criança aparece, faço uma prece que em meu colo se encontre um ser pequenino algum dia, que teus olhos ao me encararem tenham a plena certeza que estarei ali, a qualquer custo, pois ali, nesse pequeno ser, estaria o maior sentido de todos. Amo sentidos! Pois é, e algumas vezes sou repetitiva também.
Acredito que um livro salvou minha vida, literalmente. Adoro tais trocadilhos, ele me fazem rir. Amo quando olha pra mim e ri de volta, é uma das melhores sensações que cheguei a conhecer.
Gosto das novas roupas, dos novos apetrechos e das novas direções tomadas, me retomam a um eu que achei perdido. No entanto, as novas palavras soltas, as risadas e amizades artificiais me intrigam. Agradar a todos sempre foi uma necessidade, mas encontrar o limite entre o que querem que eu seja e goste e ame, e o que realmente sou sempre foi um desequilíbrio que eu nunca consegui por em ordem. Ordem, amo ela. Gosto de coisas arrumadas e no seu lugar, mas meus sentimentos e pensamentos nunca compreenderam isso. Perfeccionista em tratamento, ainda não achei a cura.
Me encanto com contradições, emociono-me facilmente com histórias alheias. Amo tanto histórias que as invento. A moça do jornal, o senhor do ponto de ônibus, você no seu dia-a-dia. Ai vem bocas, braços e pernas... Neguei-me muitas vezes, mas amar, emocionalmente e fisicamente, é quase um vicio. Tenho tantos dele, mas o ato de pensar é notoriamente o pior.
Deus é um assunto polemico, crença total e conflituosa. Até onde ir? O que não fazer? Como perdoar? Como esperar  e apenas crer? E toda a politica que o cerca? Politicamente criada, e feminista por pais separados, me choco ao por saias floridas e rosadas pela manhã.
Volto a falar das cores, porém não sei qual é minha preferida. Acho que são fases, já idolatrei o preto e seu poder de protesto. Hoje condiciono a entender as diferentes nuances de cinza até chegar ao branco. Tento entender tudo, considerar lados, enxergar condicionantes e explicar situações. As vezes acho que errei tanto, que é necessário agora corrigir. Corrigir esse mundo que me fez, que fez a tudo que o destrói pouco a pouco.
Sou notoriamente confusa e tento por esse tom de mistério apenas para que ache graça em me desvendar, mas não está interessado e supostamente acho que ninguém está mais interessado em desvendar ninguém. O que de certa forma é positivo, pois convenhamos, não a muito a ser revelado. Mas então, esse ar que aprendi com minhas divas dos anos 60 apenas introduzem um ar de antipatia que muitos acreditam ser frigido. Palavra engraçada, pouco condizente?!
Me sinto estranha quando falo com conhecidos - já podem esperar demais de mim, mas aprendi a me lidar bem com estranhos. Amo quando acreditam em minhas máscaras e quando facilitam o processo de não querer ouvir o que eu não quero falar. Mas as vezes necessito dizer e você não quer ouvir também.
Sou obcecada por grandes momentos, nunca vivi nenhum. Perdi pessoas que amava, aprendi a amar menos. Ainda amo demais, sobra remanescente que aflige ao mesmo tempo que protege.
Enamoro-me da liberdade, sinto que a conheço pouco. Obrigo-me a extrapolar os limites, reprimo-me logo em seguida. Solta a grade da minha janela, ou gaiola, e me leva com você. Você não virá, preciso de um novo modo para escapar. Tento por meio de palavras, soa vão e incompleto. Confuso novamente... Ou seria apenas facilitador? Uma maneira de te dar as respostas prontas de tudo o que eu queria que já soubesse de mim, o que queria eu mesma saber. Que gostasse de cada surpresa em me conhecer de modo que ainda não aprendi a gostar e que berrasse aos quatro ventos que só sorri quando me vê!  Tolices, bobagens e efeitos colaterais de tantas comédias românticas que colecionei na minha vida. Já disse que amo filmes? E romances? E milk shake de corneto? Tem também os cds de MPB. Ah, há tantas coisas a contar, sente por um tempinho a mais, deixe eu lhe contar uma história...